O festival entrou na minha vida em 1991. Estava estudando no Logos ainda e tínhamos aula de cinema na optativa de humanas. Um dia, fomos participar do Programa Livre, do Seginho Grossman, e o convidado era o cineasta Alan Parker - que estava em SP à convite da Mostra com o filme "The Commitments". Eu brinco que este dia foi o começo da minha carreira porque fiz uma pergunta ao diretor (perguntei se ele fazia filmes publicitários só para ganhar dinheiro e fazer os seus próprios filmes, o que ele respondeu que sim...). No final da noite, fomos para uma sessão lotadíssima no cinema do Masp. Foi o começo.

Desses dois anos, eu ganhei histórias inesquecíveis...

- acompanhei Joffre Soares na Mostra, que veio com o seu filho, Sacha. Era um dia de chuva em SP... fui com o Sacha fazer as credenciais e perguntei se ele queria que eu comprasse um guarda-chuva. Sacha me respondeu que não usava guarda-chuva, que era contra - "No Rio, as pessoas andam de guarda-chuva embaixo das marquises. É um inferno. Odeio guarda-chuva". Nunca me esqueci disso!
- no lançamento de "Cidade Baixa", de Sérgio Machado, muitos dos convidados internacionais ficaram encantados com o Lázaro Ramos, que estava presente. Pediram para ir falar com ele e eu fui responsável por traduzir toda a conversa... foi como ser paga para escutar a conversa dos outros.
- ainda falando do Sérgio, um dia estávamos só mulheres na sala do hotel e começamos aqueles papos femininos. Tudo começou com o diretor argentino que era super bonito - fomos falando do filme dele, que tinha uma adolescente que menstruava pela primeira vez e que tinha que usar um absorvente interno. O papo fluiu com mil experiências, casos e muitas risadas. Até a Guta parar e falar: - Gente, o Sérgio tá aqui ouvindo tudo! Num computador de canto, lá estava Sérgio Machado usando a internet. Morremos de rir, ele inclusive.

- particiei de um jantar com Abbas Kiarostami. Conheci o Guy Maddin, o Amos Gitai, Jane Birkin, Victoria Abril, Wolfgang Becker, Dani Tanovic...
- ouvi a frase que virou nosso bordão "I can't, I'm too fertile"
- uma das melhores festas da Mostra foi o encerramento no Terraço Itália. Lembro de ver a nata do cinema brasileiro reunido no mesmo lugar. E ainda revi meu colega de faculdade, Marcelo Galvão, que ganhou o prêmio do público com seu filme "4aB".
- Ensaio da Vai-Vai com os convidados era sempre imperdível! E a feijoada...
Anos mais tarde, na HBO, comecei a cobrir o evento. No meu primeiro ano em programas, fiz um especial de 25 minutos da Mostra. Tenho muito orgulho disso.
aí, as experiências foram outras: de entrevistar os convidados.
Fiz algumas inesquecíveis, como do espanhol José Luis Guerín, que ainda lembrou de mim anos mais tarde, quando nos encontramos em Toronto. Tomas Alfredson, de "Deixa ela entrar". Rodrigo Santoro e os dois diretores de ""I love you Phillip Morris", Glenn Ficarra e John Requa.
e Wim Wenders. 15 minutos com ele, falando sobre seus filmes, seus diretores prediletos, a carta branca que a Mostra tinah lhe dado.
2 comentários:
Chorei feito Pati Pahl! Lindo texto, querida, e muitos destes momentos nós vivemos juntas! Ainda não consegui escrever nada sobre a Mostra e sei que preciso fazê-lo para digerir a tristeza... Parabéns, sweety!
Tedesca! Que delicia de retrospectiva. Amo a mostra. Amo você. E a nossa vida de cinema.
Beijos
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